21/02/2013

Renuncias

Renunciar pode ser um gesto de covardia, onde fugimos do sacrifício e somos vencidos pelo medo.

Por outro lado, renunciar pode ser um gesto de grandeza e coragem, quando abrimos mão de algo em favor de uma causa maior.

O que motivou a renúncia do papa Bento XVI? Dificilmente saberemos. Prefiro imaginar que tenha sido um gesto de grandeza, e igualmente prefiro convidar a refletirmos sobre as nossas pequenas ou grande renuncias do dia-a-dia, e no que elas representam.

Um menino estava olhando o desenho predileto na televisão, quando amigos o convidaram para jogar futebol. Ele ficou em dúvida. Não sabia o que fazer. Gostava muito de jogar, mas não queria perder o desenho. Naquele dia ele aprendeu que toda decisão, por menor que seja, implica em uma renúncia.

No período da Quaresma os cristãos lembram e refletem sobre os passos de Jesus rumo a Jerusalém e mais especificamente, rumo a cruz. Jesus sabia que iria ser preso e morrer, e mesmo assim seguiu o seu caminho, renunciando a glória humana e divina para cumprir o plano de salvação. Pedro o persuadiu a desistir, tentando convencê-lo a abandonar esse caminho de sacrifício (Mt 16.21-25) – mas foi exatamente para isso que Jesus veio ao mundo, e por amor a humanidade, não renunciou a sua missão.

Certamente cada um de nós já fez muitas renuncias. Escolhas profissionais. Decisões do dia-a-dia. Os que confiam em Deus são convidados a renunciarem várias atitudes contrárias a vontade do Criador: a jovem cristã renunciou a companhia das amigas para respeitar seus pais, um rapaz teve a chance de entrar num esquema lucrativo, mas corrupto, e renunciou o dinheiro fácil.

Certa vez um líder religioso perguntou quem gostaria de ir para o Céu. Todas as pessoas reunidas ergueram a mão. Ele então perguntou quem gostaria de ir para o Céu naquele exato momento. Ninguém ergueu o braço!

Há uma contradição na vivência cristã que aponta para a gloriosa vida eterna, mas por outro lado ninguém quer deixar sua vida aqui. Primeiro quer concluir estudos, primeiro quer exercer a profissão, ter filhos, netos, etc.

Chegará o dia em que seremos convidados a renunciar esta vida. Estaremos prontos para essa renuncia? Que nessa hora possamos abandonar a covardia e nos revestir da grandeza de quem sabe que Jesus morreu, mas ressuscitou, conquistando a vida eterna para todo o que nele crê.

Jesus convida: “aquele que quer ser meu seguidor, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (Mt 16.24)”. Viver essa renúncia nunca será uma covardia, mas sim um ato de coragem e fé.

Pastor Ismar Pinz

ismarpinz@yahoo.com.br

Comunidade Luterana Cristo Redentor, Pelotas, RS

06/02/2013

A força para CONTINUAR

Há muitas coisas que não compreendemos. São muitos os momentos em que perguntamos sobre o porquê de determinados acontecimentos, sobre a razão de certos sofrimentos.

A Bíblia diz: “O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido por Deus.” (1 Co 13.12).

Tentar entender os caminhos da vida é como estar dentro de um carro com os vidros embaçados. Falta clareza, falta nitidez.

No entanto é justamente essa falta de clareza que se torna um desafio e uma provação de nossa fé. “Pois a fé é a certeza de fatos que não se veem”(Hb 11.1). O desafio é prosseguir. O desafio é continuar!

Abraão foi convidado a deixar a cidade de seus parentes e seguir para uma terra que ele não conhecia, para um lugar que nunca tinha visto. Ele creu, caminhou, prosseguiu, mesmo em meio aos medos e dificuldades da viagem. (Gn 12).

José foi violentamente arrancado da presença de seus pais, foi levado para um país desconhecido, de língua desconhecida, vendido como escravo. Certamente não entendia o que acontecia com ele, sentia-se com a visão embaçada. Porém decidiu prosseguir, continuar sendo conduzido pela Palavra, decidiu seguir a vontade de Deus. Futuramente José foi feito governador do Egito, e ao olhar para trás, alegra-se por ter prosseguido, por não ter sucumbido em uma das noites de aflição na prisão do faraó. (Gn 37-50)

Jesus, na divina sabedoria, compreendia a necessidade do caminho da cruz, mas lá no Getsêmani, há minutos de ser traído e preso, sente aflição, e em sua humanidade sente a vida embaçada, por isso pede que o Pai afaste dele este cálice de sofrimento, mas que não fosse feito a sua vontade humana, porém que se cumprisse o plano de salvação – e foi pelo desejo de salvar que Ele prosseguiu e continuou até a cruz. (Lc 22.39-46).

Hoje somos convidados a continuar, convidados a prosseguir, convidados a entregar nossas vidas nas mãos do Senhor. (Sl 37.5).

Deus conhece a nossa aflição, sabe de nossas fraquezas. Por isso, independente da situação, Ele se aproxima e diz: “Eu sou o SENHOR, o Deus de vocês; eu os seguro pela mão e lhes digo: Não fiquem com medo, pois eu os ajudo.” (Is 41.13).

Por isso, continuemos firmes, certos de que com o Senhor e no Senhor, nada será em vão! (1 Co 15.58).

Pastor Ismar L. Pinz

Comunidade Luterana Cristo Redentor

Pelotas, RS.