21/06/2011

Festa pagã

As festas de São João pouco ou nada lembram do João Batista. No lugar da fogueira, das comidas típicas e do folclore popular, é preciso então ir ao deserto e ouvir o que este profeta tem a nos dizer. Se estivesse hoje aqui, não proibiria as nossas festas juninas, mas nos faria provar outro quentão. Dizem que, por ser de origem pagã, tal festejo deveria ser evitado por cristãos. Se fosse o caso, deveríamos evitar a nós mesmos, o próprio corpo e alma, já que todos são concebidos e nascem pagãos (Salmo 51.5). Aliás, ao ser criticado por viver no meio de gente de má fama, Jesus deu um recado pontual: “João Batista jejua e não bebe vinho, e todos dizem: está endemoninhado. O Filho do Homem (Jesus) come e bebe vinho, e todos dizem: Vejam! Este homem é comilão e beberrão” (Mateus 11.18). Hoje o Salvador diria: Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.

Neste sentido, João Batista é uma fogueira ardente no caminho de qualquer um, pois todos são maus, corruptos, pagãos. As brasas que ele deixa pelo chão não permitem andar descalço. Profetizado no Antigo Testamento como aquele que vem preparar o caminho para o Senhor passar, sua mensagem é atualíssima: “Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto” (Mateus 3.2). João é radical. Ele abre a ferida e revela a podridão. “Ninhada de cobras venenosas! Quem disse que vocês escaparão do terrível castigo que Deus vai mandar?” Fariseus e religiosos de aparência precisaram ouvir o que todos devem ouvir: “Façam coisas que mostrem que vocês se arrependeram dos seus pecados” (3.8).

Mais tarde João é preso e decapitado. É perseguido como qualquer denunciante nesta sociedade onde reina o pecado. Mas deixa o caminho aberto para Jesus, a “cabeça da igreja”.  Sua mensagem permanece viva porque é a Lei de Deus abrindo espaço para o Evangelho do perdão. Por isto, quando chega Jesus, João precisa morrer. Ou então, a festa continuará pagã.

Marcos Schmidt é Pastor luterano na  Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS.

marsch@terra.com.br

10/06/2011

10 de Junho - Dia do Pastor

imageO Dia do Pastor não é um dia somente para o Pastor. Neste dia pastores e congregações são convidados a refletir sobre o santo Ministério. O pastor para examinar sua vida pastoral se está cumprindo fielmente para com seu chamado, a comunidade se está vendo no pastor, o ministro de Deus e cumprindo com seus deveres. Será proveitoso a ambos, quer em particular  ou em conjunto, num estudo bíblico relembrem o que Lutero diz aos pastores e ouvintes na Tábua dos Deveres, no Catecismo Menor, ou então reler o chamado dado ao pastor, onde constam os deveres de ambos.

     O Prof. G. Stöckhardt (1906) afirma: Um pastor do santo ministério mão deve ter outra coisa no seu coração do que a obra de Deus e a salvação das almas. E o pastor Johann Gerhard (1622) adverte: Onde se concede domínio ao pecado, ali se espera em vão alcançar sabedoria divina (Jo 16.13; 1 Co 2.27). O profeta interno tem sua cátedra nos céus. Ele não reside num coração escravizado pelo pecado.

     Na expansão do Reino de Deus, tudo depende da Palavra de Deus. Pela lei de Deus, o Espírito Santo leva pessoas ao verdadeiro arrependimento e pelo evangelho, o Espírito Santo, com seu poder, opera a fé na graça de Cristo.

     O apóstolo Paulo tem uma palavra muito apropriada em sua carta aos efésios 6.17-19. Vejamos.  Ele exorta os congregados a tomar a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus (v.17). Com esta palavra o diabo é vencido, seu reino precisa recuar, enquanto que pecadores são levados à fé pela graça de Cristo. Deus resolveu não edificar sua igreja pelo ministério de anjos, mas por pessoas. Nosso “velho homem”, frequentemente, procura desviar-nos no confiar unicamente na Palavra de Deus. Por isso o apóstolo nos exorta à perseverança na oração. E ele pede que orem por ele, também, para que Deus lhe conceda a Palavra, para com intrepidez fazer conhecido o mistério do evangelho (v.19). Mas não somente para ele, como também em favor de todos os batizados, a fim de proclamar a Palavra ao próximo. Para proclamar a Palavra com intrepidez, isto é, sem medo, corajosamente. Isto não é uma simples questão do saber ou do caráter, mas um precioso dom de Deus. Pois, o trabalho no evangelho, na missão, na educação paroquial não é, em primeiro lugar, uma questão de dons pessoais, de capacidade pessoal como pregador e educador, de nossa criatividade (mesmo que estes dons são colocados a serviço de Deus), mas unicamente da Palavra, e esta clara e retamente proclamada, pela qual o Espírito Santo, em sua liberdade trabalha, “onde quando lhe apraz” (CA V). “Mesmo exortados à oração, não colocamos nossa confiança na intensidade, perseverança, retidão litúrgica de nossas orações” (Ver. Holgar Sonntag), mas unicamente naquele que está à direita do Pai, dirige, abençoa , defende, protege e faz sua igreja crescer.

      Com estas palavras cumprimento a todos os estimados colegas no ofício e lhes desejo rica medida do Espírito Santo para o ministério, nestes tempos finais. Abraço HorstK – SL 2011