18/10/2011

A chave do céu

Dias atrás, numa entrevista com Otávio Mesquita no programa da Hebe Camargo, foi lhe perguntado: “Se você chegar lá em cima e Deus perguntar: - Por que você merece entrar”. A isto, respondeu: “Se tem uma coisa que eu não consigo guardar é rancor”. Não sei qual a fé deste apresentador de TV, mas não está baseada na Bíblia. Ela diz que ninguém merece entrar no céu. Sobre o rancor, Jesus mesmo explicou que só o fato de chamar alguém de idiota condena ao inferno (Mateus 5.21). E se alguém conseguir cumprir nove dos Dez Mandamentos,  “é culpado de quebrar todos” (Tiago 2.10). É o apóstolo Paulo quem mais escreve sobre fé e obras nas suas treze epístolas, sobretudo na carta  aos romanos quando diz que “ninguém é aceito por Deus por fazer o que a lei manda, porque a lei faz com que as pessoas saibam que são pecadoras” (3.20).

Surge então a pergunta: Como vou entrar no céu? A lei de Deus, igual a uma tomografia, revela o câncer maligno. Mas o Evangelho – que significa “boa notícia” – aponta para a quimioterapia: “Todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus. Mas, pela sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Cristo Jesus” (Romanos 3.23,24). O monge Lutero descobriu isto num tempo quando a igreja vendia o perdão por dinheiro e sobrecarregava as pessoas com penitências para uma cadeira no céu. No dia 31 de outubro de 1517 ele usou a internet da época e colou 95 teses na porta do castelo de Wittenberg, para discutir o assunto mais importante da fé cristã.   

Nesta semana em Porto Alegre foi dada a arrancada no Brasil para lembrar os 500 anos da Reforma Luterana. Nestes tempos de diálogo ecumênico, cabe às igrejas entregarem ao Otávio Mesquita a chave que abre o céu. Foi isto que Lutero tentou – sem a pretensão de criar outra igreja – sobretudo ao defender na tese 60: “Afirmamos com boa razão, sem temeridade ou leviandade, que estes tesouros são as chaves da Igreja, a ela dados pelo merecimento de Cristo”.

Mas, e as boas obras? Tiago responde: “A fé sem obras é morta”.

Marcos Schmidt é pastor luterano na Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS.

marsch@terra.com.br

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