28/11/2012

Virgindade: presenteada ou leiloada?

Levando meus filhos pequenos para o colégio, no início da tarde, sou obrigado a trocar a emissora de rádio algumas vezes. Tem muitas frases de efeito sexual que podem se levar na brincadeira, mas dificilmente os apresentadores conseguem estabelecer um limite, de forma que acaba sempre havendo comentários que ultrapassam o humor.

Troco o canal, mas logo começa uma música de esfrega aqui, tira a roupa lá, requebra molhadinha ali – muito constrangedor!

Não sou do tipo que acha errado falar de sexo, antes sei que a sexualidade é um dom do Criador. Também não quero aqui roubar a liberdade de expressão de ninguém, pois sei que cabe a mim trocar a sintonia. Mas dando este exemplo do que ouço nas rádios sem mencionar televisão e internet, quero dizer que não fico surpreso com a atitude de jovens que estão leiloando a virgindade.

Eu sei que muitos vão me chamar de careta. Porém tenho reparado que aqueles que se gabam de uma vida sexual intensa e diversificada, não conseguem manter relacionamentos felizes. As brigas motivadas por inseguranças e ciumeiras se multiplicam. Por mais prazer que relacionamentos diversificados possam dar, o sentimento de vazio e de tristeza é cada vez maior!

A Bíblia diz assim: 6.15Será que vocês não sabem que o corpo de vocês faz parte do corpo de Cristo? Será que eu vou pegar uma parte do corpo de Cristo e fazer com que ela seja parte do corpo de uma prostituta? É claro que não! (...) 18 Fujam da imoralidade sexual! Qualquer outro pecado que alguém comete não afeta o corpo, mas a pessoa que comete imoralidade sexual peca contra o seu próprio corpo. 19 Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é o templo do Espírito Santo, que vive em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a vocês mesmos, mas a Deus.” (1 Co 6.15-19).

O livro bíblico de Cantares revela poesias, que expõem toda a alegria sexual de um casal que vive o dom de Deus de maneira intensa e fiel em seu casamento.

Deus sabe das coisas! Sabe mesmo! Quando nos propõe que entreguemos nossa virgindade como um presente apenas a nossa amada, ou ao nosso amado, nos promete não uma quantia em dinheiro obtida em um leilão, mas uma felicidade, segurança e satisfação que muitos nem imaginam que exista!

Pastor Ismar Pinz

ismarpinz@yahoo.com.br

Comunidade Luterana Cristo Redentor

20/11/2012

Ação de Graças ou desgraça?

Têm coisas que fazemos automaticamente, sem pensar. São hábitos, costumes, rotinas. O jeito de comer, andar, sentar, vestir-se, trabalhar, descansar, escrever. Até o jeito de relacionar-se. Estes hábitos podem ser bons ou ruins. Por exemplo, se me acostumei a sentar numa posição incorreta, com o tempo minha coluna reclama, se me habituei com uma alimentação errada, a saúde do corpo não vai longe. E grande parte vem por educação, de pais a filhos, de professores a alunos. De tal modo que o cultivo dos maus hábitos tem nome: falta de educação. E parece que estamos vivendo tempos de gente sem educação. Em quase tudo, especialmente na palavra: “obrigado”. Lembro-me quando criança de meus pais: “Como se diz?” – referindo-se ao agradecimento por um presente ou favor recebido.

Deixar ou esquecer-se de agradecer também virou costume no assunto “bênçãos de Deus”. Em grande parte pela teoria que tudo surgiu e surge do nada. Nesta ideia evolucionista, até se compreende em não render “ação de graças”. Agradecer a quem? Ao Big Bang? À mãe natureza? Ao Sol, à Lua? Porém, se tal atitude vem de alguém que professa que “é Deus quem dá o sustento aos que ele ama, mesmo quando estão dormindo” (Salmo 127.2)? De uma pessoa convicta “que ninguém pode ter alguma coisa se ela não for dada por Deus” (João 3.27)? Algo parecido com aquela ingratidão reclamada pelo próprio Jesus, depois que curou dez leprosos e só um voltou para agradecer. “Onde estão os outros nove?” (Lucas 17.17). Esta pergunta o Salvador ainda faz, quando o que chama a atenção mesmo é a insistência no “eu quero, quero, quero, em nome de Jesus” – como se Deus fosse obrigado a dar tudo o que pedem. Algo parecido com o jeito das crianças de hoje que não sabem ouvir um não. Até porque “graças” na Bíblia significa presente “imerecido”. Por isto “todos os dias te darei graças e sempre te louvarei”, diz o salmista. Pura graça de um Deus que veio enrolado de presente.

Marcos Schmidt, pastor luterano - marsch@terra.com.br

Igreja Evangélica Luterana do Brasil - Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

31/10/2012

Reforma Luterana

Dia 31 de outubro festejamos os 495 anos da Reforma, desde que Martinho Lutero, num ato de coragem, convicção e defesa da verdade das Sagradas Escrituras, fixou 95 teses na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha. Começava ali uma luta na defesa de três pilares básicos de nossa confissão e fé: Somente a Graça; Somente a Fé e Somente a Escritura.

Lutero defendia, à luz da Palavra de Deus, de que a salvação eterna é graça, é presente de Deus, que vem a nós, somente pela fé em Cristo Jesus e essa verdade, nos é colocada e determinada, somente pela Escritura, que é a clara e pura Palavra de Deus. Por essa verdade ele lutou. Nessa certeza ele viveu e se dispôs até a morrer, confessando: “Se vierem roubar os bens, vida e o lar, que tudo se vá, proveito não lhes dá. O céu é nossa herança.” (Hinário Luterano, nº 165).

Quando lembramos essa data, louvamos e agradecemos a Deus pela coragem, firmeza, determinação e fidelidade deste servo de Deus, chamado Martinho Lutero. Por outro lado, numa sociedade em transformação, num mundo de constantes mudanças, onde valores éticos, morais, princípios cristãos, são ignorados, pisoteados e deixados de lado, é preciso olhar para o exemplo de homens como Lutero, para,também, firmados na Bíblia, a Palavra de Deus, hastearmos pendões (Sl 20.5), confessarmos essa fé e não nos deixarmos envolver por ameaças, críticas e vãs filosofias desse mundo (Cl 2.8 e 1 Tm 6.20).

Deus nos proteja, defenda e dê sabedoria para permanecermos firmes na fé e nas Confissões da nossa Igreja. Nas Confissões, conforme encontramos no Livro de Concórdia de 1580, não por serem essas igual ou maior do que a Bíblia Sagrada, mas por termos absoluta convicção que elas estão fundamentadas, baseadas e firmadas na Palavra de Deus. Que assim possamos permanecer firmes e defender com convicção, não o que Lutero disse, mas o que a Bíblia diz, e pela qual Lutero batalhou e lutou até o fim.

Continuamos defendendo que somos salvos Somente pela Graça de Deus. Esse presente vem a nós, Somente Pela Fé, e temos essa certeza, porque a Bíblia e Somente Ela nos afirma e mostra isso.

Pastor Egon Kopereck
Presidente da IELB

09/10/2012

Cidadão ou idiota?

Depois de escolher aqueles que vão cuidar de nossa cidade, agora é hora de cuidar destas pessoas. Ou seremos uns idiotas. Calma, o termo na sua origem tem outro sentido deste que conhecemos. No livro “Política para não ser idiota”, Mário Sérgio Cortella explica que “idiota” vem do gregoidiótes, expressão na Grécia antiga para “aquele que só vive a vida privada, que recusa a política”. Um problema que vem de longe. Pesquisas atuais indicam que durante a campanha eleitoral, 5% da população são inimigos do poder em qualquer situação, tudo para eles é ruim; 15% são amigos do poder, tudo é excelente na administração pública; e 80% da população são indiferentes, ficam alheios à política.

Só existe política como capacidade de convivência exatamente em razão do condomínio”, explica o sociólogo Cortella. Nesta comparação, lembra que no campo do direito condominal, a propriedade de cada condômino é chamada “unidade autônoma”. Um termo que indica limites junto a outras pessoas também autônomas, e que exige convivência e participação em determinadas situações. “Em qualquer instância, é uma decisão política. Vale tanto para um condomínio quanto para a inserção nos rumos da cidade, do estado, da nação e do planeta”, conclui Cortella. 

A  reflexão vale também para a vida cristã, bem observada por Paulo na carta aos Filipenses. O apóstolo diz que os cristãos são cidadãos dos céus (3.20), mas insiste para não serem omissos, e sim, que vivam uma vida de acordo com o evangelho de Cristo (1.27). Nos dois casos ele usa o termo grego politeuste, o contrário de idiótes. Percebe-se, portanto, que o cristão exerce responsabilidades em duas instâncias – e que Lutero definiu de reino de Deus da direita (igreja) e reino da esquerda (estado). Um exercício de cidadania, inclusive, recomendada por Jesus ao dizer “dêem a Imperador o que é do Imperador e a Deus o que é de Deus”. Assim, cabe decidir pela cidadania ou pela idiotice.

Marcos Schmidt, pastor luterano

marsch@terra.com.br

Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

03/10/2012

A faca e o queijo

Domingo estaremos com a faca e o queijo na mão, mas como evitar que depois roubem o nosso queijo? Este é um detalhe que ainda precisamos aprender. O julgamento do Mensalão tem mostrado que nem tudo está perdido, e quem sabe, depois de escolhermos o nosso prefeito e vereadores, tenhamos mais audácia para pressioná-los ou denunciá-los. Até porque eles são colocados lá para o bem comum da sociedade e não para serem servidos por ela. “Eu vim para servir”, disse Jesus aos seus discípulos, indicando o caminho para fazerem o mesmo. A política é um discipulado. As pessoas públicas são colocadas nos seus lugares por Deus, e para isto pagamos impostos, escreve Paulo (Romanos 13.6). Assim o voto é divino, e, portanto um compromisso cristão.

Mas um compromisso também para cobrar. É assim na vida cristã, somos responsáveis uns pelos outros. “Se o seu irmão pecar vá e mostre o erro dele” (Mateus 18.15), lembra o Salvador. Na administração pública deve acontecer o mesmo. Até porque se um prefeito ou vereador está pecando por negligência, irresponsabilidade, corrupção, falcatruas, sendo infiel à sua vocação, quem é responsável por denunciar estas iniquidades? Somos nós, aqueles que os elegeram. Portanto, chega de falar dos políticos corruptos, falemos aos políticos corruptos. Para isto a sociedade civil deveria conhecer melhor os mecanismos para que o povo não fique refém entre uma e outra eleição.

Outra coisa, e se o vereador fosse voluntário, isto é, sem salário como era antigamente? Eu penso que se tivéssemos vereadores voluntários, os eleitos seriam pessoas movidas por legítimo civismo, além de eliminarmos muitos interesseiros. Mas domingo é preciso escolher, e eu já sei em quem não vou votar: naqueles que fazem barulho. Afinal, como pedir ajuda a um vereador com a lei do silêncio se ele mesmo não a respeitou na sua campanha?  Um simples detalhe entre outros para que depois não roubem o nosso queijo.  

Marcos Schmidt, pastor luterano

marsch@terra.com.br

Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

28/09/2012

Melhorias na congregação

O culto do dia 22 de setembro foi muito especial, pois depois de quase um mês realizando cultos no salão, voltamos “pra dentro de casa”.

Agora de cara nova. Um novo piso, muito bonito, mais claro, que deu um ar todo especial. E também com o sistema de som instalado, tornando assim o culto mais agradável também aos nossos ouvidos.

Estamos muito gratos a Deus por nos ter abençoado dessa forma. E muito agradecidos também, de forma especial, ao Departamento de Servas, pela compra do piso e do material necessário para sua colocação. A todas as pessoas que ajudaram nessa obra que deu muito trabalho. A Jutripel e a cada jovem que trabalhou bastante para a aquisição e instalação do sistema de som.

Deus seja louvado por tudo isso.

 

As filas

Por vivermos num mundo de mercado, com oferta e procura, custo e benefício, convivemos com múltiplas filas.  Vemos-nos em filas nos bancos, teatros, trânsito, cartórios, padarias, açougues, supermercados.  Até para encontrar alguém que queira comprar o que precisamos vender, ou comprar um carro com isenção de IPI.

Aqui no hospital, enfrentei fila para atendimento, consulta, exames, avaliações, definição das condutas, procedimentos e obtenção de leito.  E, quando na fila para a cirurgia... esta ficou de segunda para quinta-feira... Fila de banheiro, fila de reconsulta e não sei quantas vem pela frente...  (sem contar a sala de triagem com espaço para 25 pacientes aguardando leito e abarrotada com 143 urgências espalhadas em cadeiras, macas e camas).

São poucos os que não enfrentam e sofrem com filas...

Nas catástrofes, filas de indigentes e desabrigados, filas para lonas e colchões, para empréstimos, perícias, reavaliações.  Até para “prova de vida”.

Jovens e menos jovens aprovados em concurso, enfrentando filas para serem confirmados nas posições que já lhes pertencem de direito. Filas para se habilitar.  Filas para ter seus direitos reconhecidos.

Agora, deitado no leito e aguardando a cirurgia, tomo conhecimento de um enorme e imerecido número de amigos que manifestam estar intercedendo por minha recuperação...  Como se fosse uma fila enorme de pedidos e pedintes...

Então,

- recordando as misericórdias do Pai que (ainda que uma mãe se esquecesse de seu filho, eu não me esquecerei de ti)  tem nossos nomes gravados nas palmas de suas mãos,

- relendo as promessas que se cumprem a seu tempo, a seu modo e conforme sua bondade,

- revendo o quanto temos pecado contra seus mandamentos e sido perdoados pelo sangue salvador de seu filho, entregue por nós,

- e pedindo que ele santifique nossas vidas e faça de nós exemplo de resignação, fé e coragem quando no vale da sombra da morte,

... eis que percebo algumas coisas:

1) não temos por que enfrentar fila para pedir ao Pai nem por alguma graça especial.  Não dormita nem dorme o guarda de Israel. As petições dos filhos de Deus podem ser dirigidas ao trono da graça de Deus a qualquer hora.

2) as misericórdias dele é que fazem fila para serem percebidas por nós.  Renovam-se cada manhã e nos cercando por trás e por diante.  Onde abundou o pecado, superabundou a graça daquele que não nos deixa sós.  É dele a promessa: tem bom ânimo, eu te remi, chamei-te pelo teu nome, tu és meu.

3) O tempo em que ficamos prostrados no leito e na doença nos permite fazermos uma fila com intercessões em favor de nossos familiares, amigos, irmãos na fé, companheiros doentes e fragilizados, em favor das pessoas de nossa rua, bairro, cidade, governo. Todos são amados por Deus e nos cabe sustentá-los com nossas preces.

Em última análise, as misericórdias de Deus fazem fila para nos atingir, animar e fortalecer.

Obrigado, Senhor Jesus.

Martinho Krebs, pastor luterano.